Para o empresário Leonardo Manzan, compreender a judicialização de tarifas de energia e quando o Judiciário interfere na regulação tornou-se cada vez mais importante, especialmente diante dos desafios econômicos que impactam o setor elétrico. O aumento constante dos custos de geração, somado a crises hídricas e variações do mercado internacional, tem levado consumidores, empresas e entidades a recorrerem ao Poder Judiciário para questionar reajustes tarifários.
Esse movimento gera um debate delicado sobre quais são os limites de atuação do Judiciário e quais efeitos suas decisões podem produzir na estabilidade regulatória e financeira do setor. Em um segmento tão essencial como o energético, encontrar equilíbrio entre segurança jurídica e proteção dos consumidores é uma prioridade.
Judicialização de tarifas de energia e quando o Judiciário interfere na regulação
De acordo com o empresário Leonardo Manzan, a judicialização ocorre quando consumidores ou entidades de classe ingressam na Justiça buscando suspender ou invalidar aumentos nas tarifas de energia aprovados por órgãos como a ANEEL. Esses processos geralmente questionam a legalidade dos critérios usados para o cálculo das tarifas, muitas vezes sob alegações de falta de transparência ou de impactos econômicos excessivos para a sociedade.
Entretanto, a regulação do setor elétrico é profundamente técnica, baseada em estudos de custos, previsões de demanda e necessidades de investimentos. Quando o Judiciário intervém em decisões que deveriam ser técnicas, podem surgir desequilíbrios que comprometem a sustentabilidade financeira das empresas e, consequentemente, a qualidade e a continuidade do fornecimento de energia.
Efeitos da judicialização sobre o setor energético
Conforme avalia Leonardo Manzan, a intervenção do Judiciário pode gerar efeitos tanto positivos quanto negativos. Por um lado, atua como mecanismo de proteção contra aumentos tarifários considerados abusivos. Por outro, pode criar insegurança jurídica para as concessionárias, que precisam arcar com custos operacionais mesmo diante de decisões judiciais que impeçam o repasse desses custos às tarifas.

Essa situação desestimula investimentos, prejudica o planejamento de longo prazo e aumenta o risco percebido pelos investidores. No setor elétrico, previsibilidade regulatória é essencial para atrair capital e garantir projetos de expansão, modernização e segurança no fornecimento.
O papel das agências reguladoras na definição de tarifas
Segundo explica Leonardo Manzan, as agências reguladoras, como a ANEEL, têm competência técnica e legal para estabelecer as tarifas de energia, baseando-se em critérios econômicos e financeiros que assegurem o equilíbrio dos contratos de concessão. Quando decisões judiciais suspendem ou modificam esses reajustes, surge um descompasso entre o planejamento regulatório e a realidade financeira das concessionárias.
Outro fator preocupante é o risco de haver decisões judiciais diferentes em estados distintos, criando desigualdades regionais no tratamento das concessionárias e dificultando a manutenção de tarifas uniformes para todos os consumidores. Essa fragmentação aumenta custos e gera incertezas sobre a estabilidade do setor.
Boas práticas para o setor energético
Para se preparar frente a esse cenário, o empresário Leonardo Manzan afirma que é recomendável que as empresas do setor invistam em transparência e no fortalecimento da comunicação com a sociedade. Esclarecer de forma acessível como são calculadas as tarifas, demonstrar os custos envolvidos e manter um diálogo aberto com consumidores e órgãos de defesa do consumidor podem reduzir as motivações para a judicialização.
Além disso, acompanhar atentamente processos judiciais e participar ativamente dos debates regulatórios permite às empresas apresentar dados técnicos robustos que sustentem a necessidade dos reajustes. Essa atuação fundamentada ajuda a evitar decisões judiciais baseadas em argumentos exclusivamente políticos ou sociais, sem respaldo econômico.
Perspectivas sobre o futuro da regulação
Na visão de Leonardo Manzan, a tendência é que a judicialização das tarifas continue sendo uma realidade no Brasil, sobretudo em momentos de crise econômica ou de grandes aumentos tarifários. Ainda assim, há esforços das agências reguladoras e do governo para tornar as regras mais claras e previsíveis, diminuindo o espaço para litígios judiciais.
O futuro do setor dependerá do fortalecimento da regulação técnica e da construção de jurisprudência sólida, capaz de equilibrar o direito dos consumidores com a sustentabilidade das concessionárias. Para as empresas, compreender a judicialização de tarifas de energia e quando o Judiciário interfere na regulação é crucial para se posicionar estrategicamente e assegurar estabilidade financeira em um mercado altamente regulado.
Autor: Dabarez Tayris