A educação financeira é um dos pilares para a formação de cidadãos responsáveis e capazes de tomar decisões conscientes em um mundo cada vez mais guiado pelo dinheiro. Com o intuito de preparar as novas gerações para enfrentar os desafios financeiros, o projeto Dinheiro do conhecimento, idealizado pela Professora Carla Alves do Nascimento, na Escola Municipal Luiz Leite de Brito, em Seropédica, Rio de Janeiro, tem respondido com bons rendimentos.
O projeto, que busca ensinar a importância do planejamento financeiro de maneira lúdica e interativa, tem como objetivo geral contribuir para a autoestima, o autoconhecimento e o raciocínio lógico dos estudantes do 4º ano da Escola Luiz Leite de Brito, desenvolvendo habilidades criativas e autônomas através de diferentes meios, entre eles a “feira bazar” com intuito de valorizar todo o ambiente escolar.
Durante as aulas semanais de matemática, os estudantes têm o compromisso de realizar as contagens dos valores adquiridos a partir das demandas já preestabelecidas pelas turmas (veja tabela abaixo). “Cabe ressaltar que o dinheiro é uma representação em miniatura da moeda brasileira que tem o carimbo da professora em todas as notas, que precisam ser cuidadas e organizadas ao longo de todo o projeto por cada aluno”, pontua a docente, destacando que os valores definidos pelos grupos podem ser mudados de acordo com a dinâmica e interesse das turmas.
Da teoria à prática
De acordo com a professora Carla, em sala de aula o projeto Dinheiro do conhecimento surge como uma resposta ao Programa Educação Financeira nas Escolas, lançado pelo Governo Federal em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2018. “A iniciativa visa enriquecer a experiência educacional dos alunos, promovendo o desenvolvimento de suas habilidades financeiras e estimulando a responsabilidade pessoal desde cedo”, explica Carla Nascimento.
Enfrentando desafios na educação matemática
Segundo a professora, a proposta prática tem como foco central o ensino do raciocínio lógico-matemático, visto que o entendimento de conceitos básicos de economia e finanças está intrinsecamente ligado à matemática. Conforme estabelecido na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), esse estudo é essencial no Ensino Fundamental, mas isso não elimina os desafios. E um dos obstáculos enfrentados no ensino dessa disciplina é a resistência dos alunos devido à percepção de que a matéria se baseia apenas na memorização.
No entanto, “o projeto Dinheiro do conhecimento busca mudar essa perspectiva ao envolver os estudantes no processo de aprendizado, incentivando a autonomia e o comprometimento com o desenvolvimento de suas habilidades”, relata a docente acrescentando que, além das dificuldades na disciplina de matemática, muitos alunos carecem de uma rotina de estudos adequada e apresentam falhas no aprendizado e no raciocínio lógico-matemático. “Dessa forma o projeto também se propõe a preencher essas lacunas, capacitando os jovens a serem mais responsáveis por seu próprio conhecimento”, frisa validando que a gamificação torna a matemática mais acessível e envolvente para os alunos, mudando a percepção negativa que muitos têm da disciplina. Isso resulta em maior participação, melhor compreensão dos conteúdos e fortalecimento das relações interpessoais entre os estudantes.
Gamificação como estratégia pedagógica
Por essas e outras barreiras comuns à disciplina de exatas, a gamificação das aulas de matemática tem se revelado uma estratégia pedagógica eficaz. É o que observa a equipe pedagógica, ao afirmar que o game transforma a percepção da matemática como uma disciplina intimidante em uma experiência envolvente para os alunos. A professora Carla Alves do Nascimento concorda, destacando que o projeto é uma oportunidade de desmistificar a matemática e torná-la acessível aos educandos. “O sucesso da iniciativa se traduz em estudantes mais confiantes e preparados para enfrentar os contratempos financeiros na realidade”.
O projeto, que é incorporado às aulas de matemática, envolve atividades semanais nas quais os alunos precisam cumprir tarefas preestabelecidas, cada uma com um valor específico em “Dinheiro do conhecimento”. Essa moeda fictícia, carimbada pela professora, é utilizada pelos estudantes para realizar compras em uma “feira/bazar” organizada semestralmente. Segundo as turmas, a feira é abastecida principalmente com brinquedos e jogos doados pelos próprios alunos, o que os incentiva a passar adiante o que já não é mais utilizado. Essa dinâmica ensina aos estudantes a importância de compartilhar e a noção de que economizar pode levar a compras mais significativas no futuro. Os rendimentos do projeto não poderiam ser melhores.
Desenvolvimento e resultados
Ao falar como os educandos vivenciam essa realidade financeira e empreendedora, Carla destaca que o projeto tem revelado surpresas positivas, como alunos que assumem responsabilidades financeiras em casa e se mostram mais comprometidos com suas tarefas escolares. Essas experiências proporcionam aprendizados valiosos para toda a vida. É o que conta a aluna Nicolly Vitória, que fez questão de enfatizar a importância de se preocupar com os outros, enquanto o colega Ítalo Júnio destaca a importância de compartilhamento e o jovem Clayton, a responsabilidade e motivação adquiridas durante a realização das tarefas escolares.
Conclusão
O projeto Dinheiro do conhecimento é um exemplo inspirador de como a educação financeira pode ser transformada em uma experiência pedagógica enriquecedora e envolvente. Ao ensinar conceitos financeiros de forma lúdica e interativa, a atividade preparou os alunos para tomar decisões conscientes e responsáveis em um mundo cada vez mais complexo. Além disso, a gamificação das aulas de matemática demonstra como estratégias pedagógicas inovadoras podem revolucionar a percepção dos estudantes em relação a disciplinas tradicionalmente temidas. O “Dinheiro do conhecimento” não apenas enriquece o aprendizado dos alunos, mas também os empodera para a vida.