Relato à CVM é criticado por fontes internas; especialistas veem narrativa fraca e apontam centralização de poder no controlador Tércio Borlenghi
A Ambipar (AMBP3), empresa de gestão ambiental em plena crise, é alvo de controvérsias ao responder ofícios da B3 e CVM. Em comunicado recente, admitiu “falhas graves na execução das melhores práticas de governança”, levando à demissão de 35 profissionais, incluindo diretores. A companhia alega que a estrutura estava sob comando do ex-diretor financeiro e foi desmobilizada.
O caso surge em meio a turbulência financeira e regulatória, com investigações da CVM por irregularidades em aumentos de participação acionária de Tércio Borlenghi Júnior e processo sancionador sobre recompra de ações. Ambos focam na diretoria anterior ao ex-CFO, no núcleo duro da empresa – Borlenghi, seu filho Guilherme, Thiago Costa e Silva e Luciana Barca.
A narrativa à CVM é questionada por fontes internas e especialistas. Anonimamente, elas a chamam de “fraca e pouco crível no âmbito regulatório”. A maioria dos desligados, como o ex-diretor de RI Pedro Borges Petersen e o jurídico Mauro Nakamura, não tinha motivos claros; foram contratados há menos de um ano, aprovados por Borlenghi, para reforçar a governança.
Os executivos tentaram reformas, como contratações e ajustes em controles, mas esbarraram em resistências de Borlenghi. Ficaram menos de 12 meses – tempo insuficiente para reestruturar falhas herdadas.
A tese de falhas por 35 funcionários ignora, para analistas, o curto mandato. “Como culpar quem ficou menos de um ano por problemas antigos? É narrativa para desviar da centralização no controlador”, diz consultor em compliance. Borlenghi, “extremamente centralizador”, ignorou aprimoramentos de governança, priorizando operações e aquisições que inflaram a dívida para R$ 10,5 bilhões.
A CVM, que dispensou Borlenghi de OPA em julho – decisão controversa com reversão técnica e voto de desempate –, analisa impactos das demissões na reestruturação e questiona sigilo em recuperação judicial.[8][9][10] Resposta à B3 de 31 de outubro promete estrutura “enxuta e eficiente”. Mas o regulador pode cobrar transparência, após reportagens sobre manobras judiciais e contratos sob Borlenghi e filho.
O caso alerta o mercado para riscos em empresas familiares. Analistas de BTG e Itaú BBA veem cautela em AMBP3 (abaixo de R$ 1), com credores à espera de recuperação judicial.
FONTES (Todo o conteúdo aqui apresentado nesta reportagem possui fontes de :
E-Investidor/Estadão (02/12/2025): Comunicado da Ambipar à CVM confirmando demissões de 35 profissionais por falhas de governança, em resposta a ofício da B3. Explica o contexto da estrutura desmobilizada sob ex-CFO.
Decisão CVM (24/06/2025): Processo administrativo sobre OPA por aumento de participação, envolvendo aquisições pelo controlador Borlenghi e fundos. Detalha investigações sobre recompra de ações.
Valor Econômico (05/09/2025): CVM instaura processo sancionador contra executivos da Ambipar, incluindo Borlenghi, Guilherme, Thiago Costa e Silva, e Luciana Barca, por irregularidades na recompra de ações.
Pipeline/Valor (29/09/2025): Reportagem sobre demissões de diretores como Pedro Borges Petersen (RI) e Mauro Nakamura (jurídico) dias antes de pedido cautelar, destacando contratações recentes para governança.
Bloomberg (23/09/2025): Saídas de Petersen e Nakamura em meio a crise de confiança, com foco em governança fraca.
Brazil Journal (21/10/2025): Pedido de RJ com dívidas de R$ 10,7 bi; confirma dívida inflada por aquisições sob Borlenghi.
Times Brasil (11/11/2025): Dívida estimada em R$ 10,5 bi; CVM pede acesso a autos de RJ.
Decisão CVM (29/07/2025): Dispensa de OPA para Borlenghi por falta de provas de subordinação; decisão por voto de desempate controverso.
ConJur (30/07/2025): Detalhes da dispensa de OPA, revertendo decisão técnica inicial.
Pipeline/Valor (29/07/2025): Análise da dinâmica controversa na CVM, com empate e reversão.
Bloomberg Línea (16/09/2025): Reportagens sobre manobras judiciais e contratos sob Borlenghi; investigação CVM sobre recompra.
InfoMoney (02/12/2025): Recomendações de analistas (BTG, Itaú BBA) para cautela com AMBP3 em meio a RJ.

