No melhor momento do dia, às 10h43, taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu 11,59%, em baixa de 25 pontos-percentuais ante ajuste de 11,84% da véspera
As taxas dos DIs voltaram a cair de forma consistente nesta quinta-feira (04), ainda refletindo a mudança de tom no discurso do governo na véspera, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de criticar o Banco Central, como vinha fazendo quase que diariamente, e passou a defender o equilíbrio fiscal.
Com o mercado de Treasuries fechado em função de feriado nos Estados Unidos, investidores operaram com os olhos voltados apenas para Brasília.
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,62%, ante 10,69% do ajuste anterior.
Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,3%, ante 11,52% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,62%, ante 12,843%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,13%, ante 12,304%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,14%, ante 12,29%.
Na quarta-feira (03), Lula interrompeu uma sequência recente de críticas quase diárias ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao atual nível da taxa Selic e ao mercado financeiro, preferindo defender o ajuste das contas públicas.
À noite, com os mercados já fechados, foi a vez de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião com Lula, afirmar que o presidente determinou o cumprimento do arcabouço fiscal e que a equipe econômica já identificou R$ 25,9 bilhões em despesas a serem cortadas no Orçamento de 2025.
Nesta quinta-feira (04), Lula participou de eventos públicos em Campinas, interior de São Paulo, mas, como na véspera, não fez comentários sobre o Banco Central ou a política monetária.
Assim, investidores continuaram reduzindo parte dos prêmios de risco incorporados à curva nas últimas semanas. No melhor momento do dia, às 10h43, a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu 11,59%, em baixa de 25 pontos-percentuais ante o ajuste de 11,84% da véspera.
“Viemos de semanas muito duras, com alta considerável na curva de juros, mas ontem tivemos ajustes na comunicação do governo. Haddad reforçou a preservação do arcabouço fiscal, sinalizando corte de 25,9 bilhões para o orçamento de 2025, o que acabou sendo bem-visto pelo mercado”, comentou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.
“O ceticismo diminuiu um pouco, mas ainda há bastante prêmio embutido na curva, que inclusive ainda precifica aumento da Selic”, acrescentou.
Em função do movimento das últimas duas sessões, a curva voltou a precificar chances majoritárias de manutenção da Selic em 10,50% ao ano no fim deste mês – e não de alta de 25 pontos-base, como chegou a indicar no início da semana.
Mas a curva ainda precifica alta da Selic até o fim deste ano, apesar de Campos Neto ter afirmado, em evento recente, que uma elevação da taxa básica não está no cenário base do BC.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava 85% de chances de manutenção da Selic no fim deste mês e 15% de possibilidade de alta de 25 pontos-base da taxa básica.